Governadores da Amazônia legal entregam a carta ao presidente eleito Lula (Ricardo Stuckert)
A ida de Lula à Conferência climática da ONU (COP-27), no Egito, onde encontrou-se com representantes das principais nações que discutem o futuro climático, tem mudado os posicionamentos de líderes políticos na região amazônica.
No dia 16, coordenados por Helder Barbalho, os governadores da região presentes na COP27entregaram ao presidente eleito Luiz Inácio a “Carta dos Governadores pela Amazônia”. No documento, os políticos se comprometem pela “cooperação em favor de políticas orientadas à conservação e ao desenvolvimento sustentável da região”, além de expressarem disposição para “construir uma relação profícua” com o governo federal.
Além de Helder, estiveram presentes Gladson Cameli (Acre), Valdez Goés (Amapá), Mauro Mendes (Mato Grosso), Wanderlei Barbosa (Tocantins) e Marcos Rocha (Rondônia). Destes, apenas Helder e Valdez não foram apoiadores de Bolsonaro no ado.
ado bolsonarista
Nos últimos quatro anos, a Amazônia Legal foi tomada pela onda da extrema direita que elegeu Bolsonaro, e governadores de direita e extrema-direita foram eleitos.
O ambientalista Valter Calheiros, do SOS Encontro das Águas, organização que luta em defesa da proteção ambiental em Manaus, disse ao jornalista Leanderson Lima, do site Amazônia Real, que viu com otimismo o discurso do presidente eleito em favor de políticas ambientais já que se trata de uma posição do Estado brasileiro, a partir de 2023. Mas ainda é cético em relação aos efeitos desta mudança em nível local, já que seu estado, Amazonas, é governado pelo bolsonarista assumido Wilson Lima: “Quem nunca esteve deste lado, eu duvido muito que tenha bons propósitos nisso”, disse.
Já no Pará, mais populoso estado da região Norte, os rumos políticos têm sido diferentes: o governador Helder Barbalho sempre se manteve aliado aos caciques do PT local, seguindo direcionamentos de seu partido, o MDB, que inclusive votou contra o impeachment de Dilma Roussef (PT), em 2016.
Fundo aprovado
A COP 27 terminou neste domingo (20) com a adoção de dois textos principais: uma declaração final e a criação de um fundo para perdas e danos sofridos pelos países mais vulneráveis. O fundo prevê a compensação de danos climáticos a países em desenvolvimento ou impactados diretamente pelos efeitos da mudança climática.
Com a aprovação do fundo, os governadores da Amazônia podem disputar os recursos bilionários voltados para a agenda ambiental da região, mesmo que a destinação dos valores não esteja muito clara.
A decisão sem precedentes históricos é uma vitória para os países mais pobres, que pressionam pela mudança há anos. O fundo destinará dinheiro para eventos como elevação do nível do mar, tempestades graves e outros efeitos que os cientistas vinculam à mudança climática e causam destruição repentina ou irreparável.
Créditos de carbonos é saída, mas com ressalvas
O geógrafo e ambientalista Carlos Durigan, acredita que o mercado de créditos de carbono, que está na boca dos governadores da Amazônia, precisa de alguns “itens” indispensáveis. “Precisamos avançar em muitos aspectos e um deles é garantir a participação de todos os setores da sociedade neste processo de construção, consolidação e transparência tanto na captação quanto na destinação de recursos potenciais que possam sair desse mercado”, pontua.
Com informações de Amazônia Real e G1. Edição de Ju Abe.